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IRRUPÇÃO: CORPO INVASIVO

28/08 - 25/09

Artista Fernando Soares

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IRRUPÇÃO

Iniciei meus trabalhos no projeto Rizoma através do convite do artista e curador Helô Sanvoy. Nos conhecemos na feira PARTE daquele mesmo ano, onde tivemos a oportunidade de conversar e mostrar os trabalhos um para o outro. A conversa foi muito rica e amigável, logo fiquei muito feliz ao receber o convite e me preparei para um período de 2 meses produzindo na Galeria Andrea Rehder, onde o projeto Rizoma acontece.

O projeto acontece em dupla, embora em salas diferentes. Tive muita sorte de compartilhar a experiência do projeto com o artista Marcelo Gandhi, que ficou na sala ao lado da minha. Marcelo e eu conversamos quase que diariamente, além de realizarmos uma abertura do projeto para o público juntos. As conversas variavam entre nosso processo produtivo, funcionamento da sociedade e além. Aprendi muitas coisas com o Marcelo e tive a felicidade de participar minimamente ao lado dele, de uma de suas pungentes e potentes performances para o público. 

Minha rotina no projeto também envolvia contato direto com a Andrea Rehder, dona da galeria, que possui uma generosidade e proximidade com os artistas sem tamanho. É muito interessante esse diálogo sobre os trabalhos dentro do próprio espaço de produção das obras. Ao longo dos 2 meses, recebi diversas visitas de curadores, críticos de arte, outros galeristas, outros artistas, etc, enriquecendo mais ainda a experiência. Ana que trabalha na galeria também foi sempre prestativa nas necessidades que surgiam.

 As visitas possuíam um certo caráter didático, já que o diálogo sobre os trabalhos era fomentado pelo próprio processo produtivo explicito no local. A sala de paredes pretas onde trabalhei tinha aspecto de atelier, onde era possível visualizar trabalhos ainda crus, em processo, ou totalmente finalizados. Essa construção de diálogo em meio ao processo produtivo, permitia o próprio artista descobrir facetas novas de sua produção, ao explicar sua poética diversas vezes para diferentes pessoas.

As paredes pretas da minha sala convergiram muito positivamente para meu trabalho, que possui também, em sua grande maioria, esse aspecto de cor. Parede e trabalho se mesclavam e eu acredito que isso me levou a pensar o trabalho de forma expandida. Logo, realizei uma grande instalação na parede de entrada da galeria, abrindo diversos horizontes de raciocínio sobre minha pesquisa e tendo imenso efeito benéfico em editais que conquistei naquela época, através da ideia dessa instalação.

Em suma, só tenho a agradecer por participar de um projeto tão rico em aprofundamento de produção e diálogos constantes sobre arte e o mundo. Visitei o projeto em outros meses com outros artistas e tive a oportunidade de conhecer melhor cada um deles, essas trocas no projeto Rizoma possuem, para mim, a mesma importância que a produção desenfreada que ocorre nas salas. É exatamente nesse encontro de trocas e produção que vejo o maior valor do projeto, valores e evoluções que carregarei comigo sempre. 

A ideia de um artista poder apresentar seu universo próprio, dentro de seu espaço de produção me parece muito mais completo e rico do que em aberturas convencionais com apenas um texto crítico para nortear sua poética ao público. Agradeço imensamente ao Helô Sanvoy e Andrea Rehder por essa experiência.

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