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TERRA E FOGO, ÁGUA E AR
das memórias que transbordam

11.11.2024 - 12.01.2024

artista: Antônio Pulquério

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TERRA E FOGO, ÁGUA E AR

Priscilla Leonel

A ancestralidade conduz o artista à transcendência de que o afeta, possibilitando que, através da cerâmica, se construa um conhecimento anagógico da realidade.  As obras nesta exposição nos convidam a uma percepção do todo, da sociedade e de nós mesmos. Pousando o olhar nesta cerâmica que se torna um documento do nosso tempo, temos uma ferramenta para recontar a história. 

As peças são feitas de barro que é material ancestral.

O barro que é metáfora da diáspora. 

O barro que para ser essa matéria mole e flexível, possibilitando ao artista criar o que vemos, precisou passar por centenas de anos de preparo, pela natureza - muitos elementos caíram sobre ele: folhas, animais, pedras…

Tudo foi guardado dentro da terra.

O barro transformou tudo em plasticidade, se fortaleceu, imprimindo em si esse legado de tantas vidas que se tornaram parte dele. 

Antônio Pulquério faz sua obra usando este barro, ele traz suas próprias histórias, entrelaçando junto às histórias perdidas, memórias esquecidas e saberes do mundo, guardados na terra, que precisam ser retomados, revividos, experienciados... 

Em um primeiro olhar, o visitante desatento pode ver xícaras, pratos e potes, mas Antônio Pulquério nos convida a olhar um pouco mais estas relíquias imagéticas, descobrindo camadas simbólicas das relações com os objetos, com a cultura e com o que nos afeta: as relações humanas e suas histórias. O que há de próximo, o que há de efêmero, o que há de sagrado nestas peças? O que revelam de nossas permanências, nossas vicissitudes, nossas promessas e encantamentos?

Ele nos convida a experiência de descortinar as vivências e memórias amontoadas, que não apareceram em livros ou em museus e que agora são sussurradas através dos esmaltes cerâmicos... já não conseguem ficar resignadas. Essas memórias transbordam pelos potes, derramam dos copos, procuram pouso e acolhimento em nós.

Assim, trazer essas obras ao mundo é um ritual de convite a perceber este corpo/barro como potência do pensamento, da memória e do afeto.

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