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COR>LUZ<FORMA

25.05.2023 - 01.08.2023

artista: Luciano Macedo
curadoria: Wagner Barja

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Wagner Barja

Em algumas das longas conversas que tive com com Luciano Macedo nos últimos anos veio à tona, lá pelas tantas, o fato de que poderia estar acontecendo uma tendência à datação das rupturas modernas, cujos conceitos muitos hoje em dia pensam poder descartar. Mas sem muito esforço podemos inferir que rompimentos ditos pós-modernos, que avançaram na direção do que hoje se compreende como arte contemporânea, só foram viabilizados porque  se ancoraram nas muitas transformações conceituais e formais da arte do séc. XX. Há inclusive os que pensam, como eu, que todo artista que pisa as pegadas das rupturas mantém-se na atualidade. Fato incontornável é que, para além de todos os “ismos” e denominações, existe uma linguagem universal indissolúvel no mundo da arte que atravessa o tempo.

Sabendo disso Luciano Macedo, com sólida formação e uma já longa trajetória artística, iniciada em meados dos anos 80, demonstra, na sua primeira exposição individual em SP, onde vai apresentar algumas das séries de trabalhos que vem desenvolvendo nos últimos anos, que a filosofia amalgamada às artes imantou o conjunto da sua obra e organizou equilibradamente os fundamentos teóricos e práticos das suas criações.

  Elaborando suas construções sempre com grande refinamento, o artista faz surgir, de seu amplo repertório, sofisticadas manufaturas, relevos cromáticos de grande beleza a partir de cortes precisos, numa pintura-objeto equilibrada entre o rigor formal, a leveza poética e a cinética dos movimentos da composição, móbiles de metal que remetem às fitas de moebius, a assemblagem da série Grafite, onde de uma superfície de concreto brotam “serpentinas” de alumínio coloridas que se projetam no espaço e, numa de suas séries mais recentes, o artista dedica-se ao experimento da luminescência produzida por tintas, em construção metafórica que sugere a elevação e a sublimação das formas.

Na poética de formas, luzes e cores, existem elementos com os quais o artista passeia e escreve, como alfabeto de cortar, recortar, montar e remontar, combinar e recombinar em leituras casuais, que formam parte de um jogo, tal e qual disse para posteridade o célebre poeta simbolista Stéphane Mallarmé: um lance de dados jamais abolirá o acaso.

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