FLORESTA - ALÉM DAS SUPERFÍCIES

FLORESTA - ALÉM DAS SUPERFÍCIES

Floresta - Além das Superfícies é o reflexo do olhar que vem sendo regenerado e construído pela artista através de seu contato com a natureza. A partir de imersões e pesquisas na Floresta Amazônica e seus povos, a mostra propõe um mergulho para além de suas superfícies. A linguagem da natureza externa se faz espelho e revela a linguagem interna através das imagens e seus formatos.

É por essa janela do encontro com a floresta que nasce a inquietação: "O que está além dessa imensidão verde que a cidade não nos ensina a enxergar? O que é isso que não se vê, mas é sentido?" A exposição revisita as margens e os sentidos que construíram essa história da artista com a floresta e apresenta imagens desse caminho, que é um dos muitos possíveis para se conhecer o que se revela mata adentro. 

Os povos ribeirinhos conduzem e nos devolvem a capacidade de enxergar a natureza, educando a escuta e treinando a persistência, para enfim mergulhar nos ensinamentos que a floresta tem para oferecer. São eles que fazem o elo com as raízes ancestrais que pulsam na artista a sede por conhecimento. A fusão dos seres humanos e a mimetização dos animais com a natureza, revelam outras camadas das imagens captadas, refazendo a percepção da realidade que se pode observar. O sagrado, que por vezes buscamos nas escrituras, encontramos na naturalidade de como os povos se relacionam com a floresta. 

As mulheres indígenas são as mantenedoras da tradição, o que nos protege do esquecimento e do apagamento das nossas raízes. Elas evocam a espiritualidade da natureza com saberes e cantos, e lutam por seus direitos de igualdade. Elas representam a mãe primordial, e nos ensinam sobre os mistérios do universo, e nos convocam a pertencer à natureza que nos dá casa, alimento e supre todas as nossas necessidades.

Para essa mostra, a artista traz obras inéditas que nos sugerem a revelação do invisível. Em Rastro da Lua, as imagens desenhadas pela luz da lua cheia na superficie perfeita do Rio Negro nos revela a magia da dança cósmica desse encontro. A Rainha pretende nos levar a enxergar as cores com os olhos do espírito. São imagens que foram feitas durante os últimos anos em suas imersões pela Amazônia, mas que, segundo a artista, ganharam outras expressões e serão reveladas em novos formatos e superfícies.

Um tempo suspenso na contemplação do olhar que acontece agora na imaterialidade da imagem, mas segue viva na essência da floresta. Essa mostra é um convite para imergir na força feminina, na beleza da floresta, seus povos e seus encantos. Nos convida a experienciar as vozes emitidas pelo natural e pelo sobrenatural, para o que é vida e está além das imagens.